2009
De 9 a 13 de Novembro de 2009
Primeiro Período
Mesa-Redonda: ARTE, CIDADE E A FOTOGRAFIA
“Alair Gomes: duas Janelas
no Rio”
Otávio Leonídio (PUC-RJ)
Com
tudo que os separa entre si, os estudos recentes da obra fotográfica de Alair
Gomes (Valença, 1921 - Rio de Janeiro, 1992) têm, quase sempre, um ponto em
comum: a tendência mais ou menos generalizada a abordar seu trabalho, exclusiva
ou prioritariamente, do ponto de vista do homo-erotismo. A principal
conseqüência disso é que séries tão diversas quanto “The course of the Sun” e “Sonatinas,
four feet” (feitas a partir de janelas) acabam, ao fim e ao cabo, sendo
tratadas como se pertencessem, ambas, ao universo culturalmente denso do
“voyeurismo”. Nessas perspectivas, seriam supostamente produto do olhar que
deseja; um olhar que, do alto de uma janela – mas também ao nível do pedestre, no interior de um
apartamento ou no calçadão da praia de Ipanema – busca e eventualmente alcança
o objeto de seu desejo – o corpo masculino.
Nosso
estudo procura compreender o que, além ou aquém do olhar homo-erótico, é
construído pela fotografia de janela de Alair Gomes. Uma fotografia que, em sua
obcecada recusa da paisagem panorâmica, parece querer demonstrar que, do ponto
de vista da realidade-fotografia, o que jaz além do quadro tanto existe quanto
não existe.
"Em toda parte: o fotógrafo
como poeta no Recife de 1950”
Fabiana Bruce (UFRPE)
Este trabalho, cuja documentação elementar são
fotografias da Coleção Alexandre Berzin/Foto Cine Clube do Recife - da Fundação
Joaquim Nabuco -, tem por objetivo compreender as especificidades da fotografia
praticada nesta cidade, na década de 1950. Na busca de viver a experiência de
fotografar como um meio autônomo de expressão, esses fotógrafos do Recife
entendiam – como muitos fotógrafos de hoje – que a imagem a ser capturada
estava em toda a parte e que só era preciso aprender a ver, aprender a “andar
com os olhos abertos”. Contudo, não foi sempre assim: pioneiros nessa arte de
reinventar o mundo, eles marcam, em suas caminhadas pela cidade, novos
roteiros, entendidos como formas outras de sentir a paisagem local.
Segundo Período
“O fotográfico em minha produção”
Claudio Tozzi (SP)
"A obra de Claudio Tozzi e a imagem fotográfica"
Crítico – Rafael Vogt Maia
Dia
10 de Novembro
Primeiro Período
Mesa- Redonda: O
Espírito da Fotografia/A Fotografia do Espírito
“A fotografia de espíritos
no Brasil: uma iconografia do outro mundo”
Mario Ramiro (ECA-USP)
A Fotografia dos Espíritos no Brasil analisa m conjunto de
imagens com características próprias, encontradas a partir do início do século
XX no país, que se afirmam como registros objetivos de supostas manifestações
espirituais e paranormais, ocorridas na dimensão sensível da existência humana.
O tema se insere num campo de estudos que vincula a invenção dos meios técnicos
(como a fotografia, o telégrafo, o rádio e, mais tarde, a televisão e os
computadores), ao surgimento de um novo sistema de crenças no mundo Ocidental,
baseado na convicção da vida após a morte e na possibilidade de comunicação
entre o “mundo do além” e o chamado mundo “concreto”.
“A fotografia em túmulos
brasileiros: ornamento e memória”
Maria Elizia Borges (UFGO)
Esta comunicação propõe uma análise tipológica dos retratos
fotográficos instalados nos túmulos construídos em cemitérios do Brasil,
datados do século XX, período em que se iniciou a proliferação da imagem
fotográfica. Eles foram ocupando o lugar dos bustos construídos em mármore de
Carrara e em bronze. Trata-se de um tipo específico de ornamento que tem um
papel relevante na composição do monumento funerário. A coleta das imagens
advém de nosso arquivo particular (220 fotografias) e do catálogo da Marmoraria
Paulista de Ribeirão Preto (SP). O gênero do retrato fotográfico, neste caso,
possui um formato e um tipo de produção peculiar- são fotos justapostas sobre
medalhões de porcelana. As várias poses dos retratos abrangem as funções de
preservar a memória individual e coletiva dos falecidos, de satisfazer os
anseios da família burguesa que deseja eternizá-los perante a comunidade além
de contribuir para a elaboração do luto. Pode-se ainda identificar hábitos da
sociedade brasileira.
“Imagem e memória: usos da
fotografia mortuária em contexto familiar”
Deborah Borges (UFGO)
A fotografia mortuária surgiu praticamente junto com a própria técnica
fotográfica, e gozou de grande aceitação social no Brasil e em outras
sociedades ocidentais até meados do século XX. Encontram-se expressas nestes
retratos certas idéias de uma mentalidade coletiva cristã sobre a morte, em
especial o imaginário acerca da boa morte e da bela morte. Nesta comunicação,
delimitaremos as análises dos usos e funções que a fotografia mortuária assume
em contexto familiar a partir de imagens e depoimentos coletados em Bela Vista
de Goiás. Nas fotografias mortuárias feitas pelos belavistenses entre as
décadas de 1920 e 1960, constatamos a interferência da fé católica na
construção e em diversos usos que as famílias da cidade fizeram das fotografias
de seus mortos, como meio de manter viva sua lembrança. Esta comunicação,
portanto, busca contribuir com as discussões acerca das mentalidades coletivas
sobre morte e rituais de morte, além de refletir sobre um tipo específico de
uso da fotografia num processo de construção de memórias familiares.
Segundo Período
“O Fotográfico em minha
produção”
Hudnilson Jr. – SP
“A obra de Hudnilson Jr. e
a imagem fotográfica”
Crítica: Ana Carvalho (UFRGS)Primeiro Período
Mesa-Redonda: Rosângela
Rennó: Investigações em Processo
“Entre o texto e a imagem – as narrativas
arquivadas de Rosângela Rennó”
Maria Adelia Menegazzo (UFMTS-GEA&F)
O trabalho tem por objeto os livros O arquivo universal e outros arquivos e Espelho diário, de Rosangela Rennó nos quais busca-se evidenciar
possíveis recursos para a configuração da narrativa contemporânea. No primeiro,
a mudança de superfície – do espaço expositivo para as páginas do livro –
demonstra o caráter narrativo das instalações, repaginadas e habilitadas como
acontecimentos paratáticos, que não se subordinam, concorrendo para o crédito
ficcional também os aspectos relacionados à edição, como os textos, suas fontes
gráficas e o tratamento a que são submetidas. Em Espelho diário, a relação entre texto e imagem torna-se mais
evidente e à fotografia parece estar reservada uma
função ecfrástica, portanto, uma função retórico-descritiva, complementar da
narrativa. Trabalha-se sobre a hipótese de que ambos os livros configuram modos
de narrar que se valem da manobra entre informação e ficção para a constituição
de seu estatuto estético.
“Rosângela Rennó: o estigma da imagem como consciência de si e do outro”
Claudia Fazzolari (ABCA-SP)
De acordo com a chave
narrativa de Rosângela Rennó, reconhecemos a intencionalidade de um descompasso
entre imagem fotográfica e texto e, sobretudo, reconhecemos a investida
consciente em estratégias de reinvenção — autorizadas para o apreciador em
contato com a obra, instaurada em um campo de interpretação — inauguradas pelo
impacto causado pela ambiência do projeto documento.
Citar a inelutável cisão do
ver, diante do projeto
documento elaborado pela artista, resulta em um itinerário de imagens
comprometidas com a invisibilidade do cotidiano ou ainda em não imagens
pulverizadas em ampla saturação no caos contemporâneo.“Fotografia e memória: um estudo sobre alguns trabalhos de Christian Boltanski e Rosângela Rennó”
Thiago Gil Vivara (GEA&F)
A comunicação resulta de uma pesquisa de Iniciação
Científica, finalizada em 2008, em que foi realizado estudo comparativo de
parte das obras do artista francês Christian Boltanski (1944) e da artista
brasileira Rosângela Rennó (1962). Serão aqui abordadas as relações entre
fotografia e memória nas obras de ambos, partindo de uma das possíveis
interpretações do fenômeno fotográfico: a lógica do índice.
Segundo Período
“O
fotográfico na obra de Rosângela Rennó”
Maria Angélica Melendi (UFMG)
Dia
12 de Novembro
Primeiro Período
Mesa-Redonda: Estampa
de Tradução/Estampa original: a Questão da Reprodutibilidade
“Estampa de tradução/estampa original/fotografia: anotações sobre a
imagem repetida”
Claudio Mubarac (ECA-USP)
Na história da imagem impressa,
há um truísmo clássico que afirma a fotografia como rompimento na cadeia de
procedimentos da gravura de estampa. Nesse estudo, o que se pretende é
redimensionar a relação da fotografia com os processos históricos de gravura,
centrando as reflexões no caráter intersticial desses processos técnicos e em
suas mútuas contaminações; tudo balizado por uma intensa circulação de formas e
sucessivas recodificações ligadas à esses fenômenos.
“A gravura nos livros de
viagem ao Brasil e suas relações com o desenho e a pintura no século XIX”
Valéria Piccoli (Pinacoteca-SP)
Desde
o século XVI, os relatos de viagem foram as principais fontes de informação
sobre o Brasil, sua natureza e seus habitantes. É indispensável ressaltar aqui
a importância da gravura, inserida nos livros de viagem, como principal meio de
circulação e difusão da imagem do Brasil para o público estrangeiro. Basta
lembrar o impacto causado na imaginação européia pelas ilustrações de
canibalismo presentes nas edições pioneiras das viagens de Hans Staden (1557),
Jean de Léry (1578) e André Thevet (1558 e 1575), ainda no primeiro século da
colonização.
Resultante
da presença de naturalistas e artistas no país, a literatura de viagem sobre o
Brasil conhece um enorme incremento durante o século XIX. Nota-se nas
narrativas ilustradas de então uma fusão entre o espírito científico de
investigação do mundo natural (que compreende o domínio de conhecimentos de
botânica, zoologia, geografia, antropologia, etc.) e o desejo de oferecer ao
leitor um repertório de imagens com especial interesse visual.
É este
o universo de imagens que a presente comunicação pretende abordar. Analisando
ilustrações de livros de viagem ao Brasil em suas várias etapas de preparação,
serão enfatizadas as transformações sofridas pela imagem desde seu registro em
campo até sua versão final publicada. Revelam-se assim certos “arranjos”
operados pelos artistas no sentido de tornar mais prazeroso o que é dado a ver
e, assim, garantir que se cumpra uma das principais funções da literatura de
viagem: ensinar e, ao mesmo tempo, divertir.
“Original e cópia: nuances da dicotomia”
Priscila Sacchettin (ItauCultural -SP)
Esta
comunicação tem por objetivo apresentar as dicotomias original/interpretação,
original/cópia, original/tradução, problematizando-as e mostrando suas várias
nuances, tendo como base a história da gravura de estampa.
Se, num
primeiro momento, o par conceitual original-cópia parece uma chave teórica
sólida e bem definida, ao contato com a história da arte, ou mais precisamente
com a história das artes gráficas, tal definição dá espaço a todo um leque de
interações entre esses dois pólos. Exemplos de obras gráficas – relacionadas ou
não à pintura – nos mostram que aquilo que normalmente é entendido como
originalidade pode muitas vezes identificar-se com práticas de interpretação,
cópia ou tradução do repertório imagético da tradição em geral ou de um artista
em particular.
Portanto, pretendemos nesta comunicação
mostrar a fértil instabilidade de tais dicotomias a partir de estampas
elaboradas por Édouard Manet, Camille Pissarro, Auguste Delâtre, James
Whistler, entre outros.
Segundo Período
“O fotográfico em minha produção”
Lia Chaia – SP
“A obra de Lia Chaia e o
fotográfico”
Crítico: Paulo Sergio Duarte (PUC-RJ)
Dia
13 de Novembro
Mesa-Redonda: Depois da Fotografia Analógica
“Experiência da imagem em
meios eletrônicos”
Christine Mello (ECA-USP)
A presente comunicação busca introduzir
questões da imagem em meios eletrônicos. Para tanto, analisa a imagem no âmbito
videográfico, tomando como ponto de partida a observação do seu processamento
eletrônico e a sua lógica temporal de acontecimento. Para acompanhar a análise,
apresenta um ou dois estudos de caso no sentido de relacioná-los aos estudos da
fotografia e do vídeo digital.
“O fotográfico e o pós-fotográfico no Ceará”
Beatriz Furtado (UFCE)
Trata-se de pensar as possibilidades
da imagem fotográfica, no campo das discussões sobre o pós-fotográfico, a
partir de algumas obras de artistas que residem no Ceará. A proposição tenta
situar as operações realizadas por estes artistas na imagem, a partir da sua
expansão expositiva, que vai além do papel fotográfico como suporte (com o uso
do vidro, do espelho, da transformação de imagens estáticas em
imagens-movimento, etc.), e na relação que eles estabelecessem com a matéria
fotográfica em ações performativas e como anotação de trabalho.
“Do analógico ao digital: a
fotografia como arte na atual produção brasileira”
Mônica Tavares (ECA-USP)
Este artigo pretende discutir o impacto
da tecnologia digital no contexto da fotografia como arte, tomando como recorte
a atual produção brasileira.Mônica Tavares (ECA-USP)
Inicialmente, apresentará as
transformações tecnológicas advindas do uso dos sistemas produtivos digitais,
destacando vantagens e desvantagens inerentes à sua utilização. Em seguida,
procurará mostrar como tais diferenças podem vir a implicar distintas formas de
manifestação criativa, então marcadas predominantemente por processos de
recodificação e hibridização. Por fim, traçará um panorama da fotografia como arte na atual produção brasileira,
visando reconhecer especificidades poéticas, vinculadas seja ao modo de
produção analógico, seja ao modo de produção digital.
Segundo Período
“O fotográfico e o
pós-fotográfico em minha produção”Giselle Beiguelman
“A obra de Giselle Beiguelman”
Crítica: Daniela Bousso (Paço/MIS-SP)